7ª Edição - 2015
Terceira Idade - Crônica
Tema: Juntos por um trânsito mais saudável
1º lugar - Marta Elza dos Santos Borges
2º lugar - Dafne Nascimento Rodrigues Zahran
3º lugar - José Caldas Barbosa
1º lugar - Marta Elza dos Santos Borges
Juntos por um trânsito mais saudável
Nasci em uma cidadezinha pacata do interior de São Paulo, hoje conhecida pela grandiosa festa do Peão de Boiadeiro: Barretos.
Naquela época, sequer havia semáforo nas esquinas, também, poucos carros competiam com cavalos e cavaleiros, charretes e condutores e é claro, muitas pessoas a pé, já que tudo era bem pertinho.
Ao completar 19 anos, realizei o meu sonho de vir para São Paulo, passar as férias com a tia Lola, irmã do papai.
Transportada por um belo trem com muitas composições, desembarquei na estação da Luz, localizei o rosto conhecido da tia que me aguardava no desembarque. Saí encantada e boquiaberta com a “Cidade da Garoa”: Quantos edifícios, quantos carros, ônibus e pessoas.
Fomos caminhando pelo centro da cidade e próximo ao Teatro Municipal, distraída com a conversa e com tanta novidade, me lancei ao leito carroçável e se não fosse a agilidade do guarda de trânsito, Luizinho, me puxar pelo braço, não estaria aqui para contar essa história.
Após o susto e o pito, após as explicações da minha tia a respeito da minha inexperiência com relação às regras de trânsito, Sr. Luizinho se aproximou gentilmente e me explicou como funcionavam as luzes do semáforo, o momento correto de atravessar, a funcionalidade das placas e uso da faixa de pedestre.
Então pude entender que cada um, seja condutor, pedestre, ciclista, deve conhecer e respeitar as regras, desta forma, cada um fazendo sua parte, todos estaremos juntos por um trânsito mais saudável.
2º lugar - Dafne Nascimento Rodrigues Zahran
Íamos de bonde, visitar meus avós aos domingos. A casa tinha um bom quintal, com dois pés de laranja, a pequena horta lá no fundo e o caramanchão, em cuja sombra meu avô reunia os amigos para fumar um cigarro de palha e jogar truco. Minha avó deixava o bolo esfriando, e ia para a varanda me ensinar alguns pontos de crochê. Mais tarde, íamos para a pracinha em frente, onde se reuniam os vizinhos. Depois de muito brincar, cansada, eu me aninhava, ali mesmo no banco, no aconchego desses avós. Abria fundo meu coração, para preservar ali aqueles tão preciosos momentos...
Pois logo vem o concreto, impiedoso, e transforma a pracinha em via pública. Sobe pelo caramanchão e esmaga a horta, fazendo erguer-se um prédio.
Os edifícios se multiplicam, grandes avenidas cobrem os córregos, carros novos brotam aos milhares a cada dia nas ruas.
Levo minha filha para a escola de carro num trajeto interrompido por dezenas de semáforos, congestionamentos e muitas vezes acidentes cruéis.
Quanto estresse! Minha filha não pode perder a prova da primeira aula, e eu não posso me atrasar para o trabalho! Como me corroem a alma a ansiedade e o cansaço, nunca sentidos pelos meus “velhinhos”...
O tempo segue seu curso, impiedoso, e o concreto alastra-se pelos limites da cidade. Multidões de pedestres avançam o sinal ainda vermelho, carros enclausuram pessoas tomadas pela pressa, pelo medo, pelo cansaço.
Quero quebrar essa corrente! Não quero essas nuvens de tormento obscurecendo a vida de minha netinha querida. “Venha, meu amor! Já está na hora da escola! Amarre o tênis!”
E vamos caminhando. Agora sou eu a avó. Também de tênis, não posso deixar o estresse enferrujar minha alma. Tenho meu trabalho, cuido da casa, ainda não me aposentei. Acompanho minha neta, vamos de tênis, o mais possível, vamos de “bike” aos domingos de manhã, à pracinha ou ao parque.
Ainda não posso envelhecer. Vou lado a lado com minha netinha, trocando afeto e experiências. Em nossas conversas, sonhamos com uma cidade acolhedora, que cresceu no verde, cresceu nas flores, cresceu no respeito. Com pessoas alegres e saudáveis, que caminham, pedalam, compartilham os espaços e organizam-se para não perder a vida no ir e vir. Nossos sonhos crescem juntos e realizam-se na força do nosso caminhar.
3º lugar - José Caldas Barbosa
Juntos por um trânsito mais saudável
Eu só queria compartilhar contigo
Esse trânsito tão caótico e complicado
Eu só queria pisar na faixa de segurança
E ver o seu carro parado.
Aí eu atravessaria tranquilo
Sem que ficássemos estressados.
E também não precisaria dizer-te muito obrigado
Pois essa ação seria normal
De um motorista bem educado!
Mas, infelizmente, isso é bem diferente.
Quantos acidentes acontecem em nossa cidade diariamente?
Eu não queria ser mais um número nessa estatística
Tampouco ostentar esse primeiro lugar
Pois isso nos leva a loucura
De repente nós dois dentro de uma viatura
Esperando apenas o Juiz para julgar
Mas hoje eu digo basta, até queria te pedir desculpas.
Por ter sido imprudente e ter causado esse novo acidente
Eu poderia ter evitado, o sinal estava fechado.
Eu não deveria ter avançado
E com esta ação, eu também seria um pedestre educado!